sexta-feira, 9 de abril de 2010


A marca da água


Maior cervejaria da América Latina quer popularizar a "pegada hidrológica", indicador que revela a quantidade de água gasta na fabricação de produtos Nos últimos sete anos, a Ambev conseguiu economizar 14 bilhões de litros de água na produção do seu principal produto, a cerveja, cuja composição é praticamente só H20. A quantidade, suficiente para abastecer uma cidade de 2,5 milhões de habitantes durante um mês inteiro, foi alcançada graças à adoção de uma filosofia voltada ao uso racional do recurso natural.

Cada uma das 64 fábricas de bebida da multinacional estipulou metas de redução do consumo e adaptou tecnologias para o aproveitamento total da água da chuva sem alterar a qualidade da gelada que chega à mesa do consumidor.

Agora, a maior cervejaria da América Latina mira um desafio ainda maior: quer envolver toda a sua cadeia produtiva na busca por mais economia.

Para mensurar quanto o plantador de cevada ao dono do bar gastam de água, a Ambev importou um indicador criado pela ONG holandesa Water Footprint Network (WFN), que calcula o impacto dos hábitos de cada cidadão sobre a quantidade de água disponível no planeta.

No Brasil, a metodologia recebeu o nome de pegada hidrológica e é responsável por revelar dados curiosos sobre o consumo de água empregado na fabricação de objetos que não estão costumeiramente associados com o recurso, como um armário de duas portas – que consome cerca de 55 mil litros para ficar pronto.

A Ambev quer, com ajuda da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos, mensurar a pegada hídrica de toda a cadeia da cerveja e ajudar os fornecedores a economizarem os próximos 14 bilhões de litros de água ou ainda mais.

– Não existe mais independência na economia, mas interdependência. Temos de engajar todos os elos no movimento para poupar água ou colocamos em risco o nosso futuro – justifica Sandro Bassili, diretor de Sustentabilidade da Ambev.
No futuro, a popularização do conceito que revela os custos ambientais da produção deve resultar em uma mudança de mentalidade, acredita Ladislau Dowbor, professor de pós-graduação em Economia e Administração da PUC de São Paulo:

– Fazemos sempre a conta errada. O PIB, por exemplo, não calcula os custos ambientais. Temos de começar a incluir os custos de uso dos recursos naturais se quisermos contar com eles por mais tempo.

SÍLVIA LISBOA | Enviada Especial, São Paulo
publicada em zero hora 05/04/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário